Lula, o Judiciário e a chegada do inverno (winter is coming)

A expressão usada deliberadamente por George R. R. Martin, ao longo da série Game of Thrones, “Winter is coming”é quase messiânica quando tornamos lúdicas as atividades políticas nacionais – explico meu ponto de vista. O depoimento do ex-presidente da república demonstra uma briga de egos, completamente divorciada da finalidade da jurisdição e, veja, nem estou cogitando os objetivos processuais dogmáticos. É verdadeiramente triste, perceber o quão desprestigiado e descredibilizado está o judiciário, materializado pelo tom de deboche e ironia, não só do ex-presidente, mas, de igual forma, de todos os presentes na audiência. Perguntas despropositadas, respostas politicadas, intervenções desnecessárias, ausência de decoro…

A sensação de “irritabilidade” por parte do depoente, as perguntas tortuosas por parte dos inquiridores e o enfrentamento pessoal e direto entre advogado de defesa e o magistrado, são a comprovação de uma necessidade de autopromoção por todos os lados, sem qualquer propósito institucional e legal.

A estória da criação de oportunidade, cada vez mais difundida pelos gurus da vida, tem sido interpretada e aplicada de forma deturpada no cotidiano nacional. Os meus dias são um misto de alegria e frustração. Alegria por perceber que existem pessoas verdadeiramente dedicadas a formação de um país melhor e, digo, servidores públicos que doam suas vidas as instituições a que se vinculam. Por outro lado, frustração latente por perceber que os servidores públicos, no sentido amplo da palavra – e não técnico – tem, com ações dessa natureza, o interesse exclusivo de autopromoção, seja ex-presidente, juiz, procurador ou qualquer um! Ah, nem mesmo a “lição” realizada pelo colega, com todo respeito, é válida. Afinal de contas, já deveríamos ter abortado a ideia do “argumento da autoridade” nos transportando diretamente à hegemonia – nem ditadura para evitar agouro, nem monopólio, que no Brasil dá prejuízo – da autoridade do argumento.

Neste país o que falta mesmo é princípio, nem espécie de norma, tampouco pseudomoralidade, mas sim, coisas básicas, construídas na formação do indivíduo. Falta respeito, por consequência da falta de educação. Falta educação por consequência da ausência de respeito. Quem primeiro? O ovo ou galinha? Se possível, os dois! Aqui, importa mesmo é o prazer de matar a fome.

Se as coisas assim permanecerem, os whitewalkers, criados pela superexposição serão endeusados e sua combatividade será quase impossível. Suponho que a união aos “selvagens[1]”, não será suficiente para recolocarmos o país nos eixos. Aviso! Nesta terra não há um Jon Snow para dar jeito em tudo, a mudança parte da sua linhagem.

Heitor Amaral Ribeiro

 

[1] Considerem a selvageria como um adjetivo direcionado aqueles que estão, por enquanto, sem se corromper.

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